sábado, 15 de outubro de 2011

JON FINKEL!!!!!!


Jon Finkel. O que falar do maior jogador de Magic de todos os tempos? Se o nome não soa familiar, por favor, leia essa entrevista. Você irá descobrir que o nosso meio pode produzir grandes celebridades em outras áreas. Finkel foi o primeiro grande jogador de Magic. Ele dominou sua era e só teve seu posto de melhor jogador da história contestado quando Kai Budde atingiu resultados fantásticos. Eu acho que os resultados são determinantes na discussão “Quem é melhor que quem?”, mas nesse caso eu vou abrir uma exceção. Primeiro porque o Finkel era o grande jogador quando eu comecei e logo virou meu ídolo no jogo. Segundo porque eu já vi os dois jogando e o Kai Budde é um ótimo jogador, o melhor entre os mortais, mas o Finkel é gênio.

Jon Finkel nasceu em 18 de maio de 1978 na cidade de Brockport nos Estados Unidos. Filho de Mark e Claire, sua genialidade já aparecia nos primeiros anos da sua vida. Motivado por um pai que amava historias como o Senhor dos Anéis e inventava programas de computador para desenvolver as habilidades matemáticas do jovem Finkel, seu futuro começava a ser traçado.

Seu currículo conta com doze top8 em Pro Tours e nove top8 em Grand Prixs. Ele tem mais de 400 pro points em toda sua carreira e um total de 332.000 U$ em prêmios. São números impressionantes para qualquer época, porem ele não se limitou apenas ao Magic. Finkel usou toda sua capacidade intelectual para se destacar em outros campos que se mostraram muito mais rentáveis. Se você já assistiu ao filme “Quebrando a banca” e se sentiu impressionado ou tentado a fazer algo igual, essa pessoa já realizou tal feito. FInkel costumava a contar cartas nos cassinos americanos e, junto com seu time, conseguiu alcançar uma boa condição financeira através dessa atividade. Claro que toda essa aventura precisava ser passada adiante e em 2005 foi lançado à biografia “Jonny Magic and the Card Shark Kids” escrita por David Kushner. Você já imaginou ter sua vida em um livro? Ele não precisa imaginar, ele tem.

Depois dessa introdução imparcial, eu imagino que você esteja ansioso para começar a ler a entrevista e tentar entender o que fez um garoto tímido de Brockport virar uma das maiores sensações da nossa comunidade.

Jaba- Como foi que você começou no Magic?

Jon Finkel – Eu comecei em 1994. A última coleção lançada era Antiquities. Eu vivia na Inglaterra nessa época. Eu descobri uma loja chamada “Fun & Games” e resolvi entrar para ver se achava algum RPG que me interessava. Quando eu entrei, me deparei com um grupo jogando Magic. Foi a primeira vez que eu tive contato com o jogo. Eu perguntei se eles poderiam me ensinar e acabei sendo fisgado pelo Magic logo em seguida. O dono da loja, Paul, me ensinou o que eu precisava. No verão de 1995, nos voltamos para New Jersey, nos Estados Unidos. Em Fevereiro, eu joguei meu primeiro Pro Tour em Manhattan. Eu fiz top8, mas acabei perdendo nas quartas de final. Por mais de 8 anos, eu estive presente em todos os Pro Tours. Um fato engraçado é que eu moro a três quarteirões do prédio onde joguei esse primeiro Pro Tour.

Jaba – Qual foi o torneio mais importante da sua vida?

Jon Finkel - Com certeza foi o Pro Tour Chicago em 1997. Eu já tinha feito quatro top16s em Pro Tours e Chicago era meu primeiro top8. Eu já tinha feito dois top8 como Junior (Naquela época, o Pro tour era separado entre Junior e Senior. Os menores de idade jogavam o Pro Tour como Junior e não podiam ganhar dinheiro. Eles ganhavam uma bolsa escolar) e aquele era meu primeiro top8 como Senior. Eu tinha sido reprovado na escola e estava trabalhando como entregador de pizza. Eu morava com meu pai e me lembro como se fosse hoje da conversa que tivemos sobre eu jogar e ganhar dinheiro com isso. Ele tentou mudar minha cabeça, mas hoje em dia você pode ver que ele estava completamente errado. Chicago me provou que eu poderia fazer isso e foi um alivio e tanto. Outra coisa que deixa esse torneio mais especial é o fato de que foi a única vez que o Brian Kibler jogou com um baralho que eu tenha inventado.

Jaba – Você pode nos contar como começou sua amizade com o Chris Pikula e os irmãos O’Mahoney –Schwartz? Alguma historia engraçada que você pode nos contar sobre esse pessoal?

Jon Finkel – Eu os conheci em épocas diferentes. Quando eu comecei a frequentar a Neutral Ground (Loja mais famosa de Nova Iorque), Steve O’Mahoney era o cara. Ele estava em primeiro lugar no ranking mundial e se manteve por um bom tempo nesse posto. O engraçado foi que naquele ano, alguém cometeu um erro no sistema e ele perdeu 200 pontos do nada e também sua vaga para o Mundial de 96. Ele tentou argumentar, mas a Wizards o ignorou. Depois do mundial, consertaram tudo, mas já era tarde demais. Infelizmente o Steve não consegue rir desse acontecido até hoje. Bem, não demorou muito e eu fiquei muito amigo do Steve e do seu irmão Dan. Eu não tenho ideia do numero de vezes que eu dormi na casa dos dois.

Eu conheci o Chris Pikula e os Deadguys (Tony Tsai e Dave Price) durante os pro tours. Eles já tinham me visto em alguns eventos em Nova Iorque. Em 1998, eu joguei o Nacional de Forbiddian e consegui ficar entre os quatro primeiros. A questão é que esse baralho não era bom, mas o Nacional em si também não era levado muito a serio. Depois disso, eu fui visitar o Chris para testarmos para o Mundial. O teste virou uma guerra de Forbiddian vs Forbiddian. Eu jogava muito bem o mirror e ele começou a ficar louco com isso. Ele usou seus direitos como “Presidente” (uma história que fica para mais tarde) e me forçou a ficar jogando esse match up. No final eu tinha 33 vitorias contra 11 dele. Eu joguei o mundial de Monored no Standard e Recurring Nightmare no bloco. No final, tanto eu quanto o Chris fizemos top8. O treino realmente valeu a pena.

Jaba – Eu lembro que você ganhou o GP Rio98. Quais são suas memorias sobre esse torneio e sobre a viagem?

Jon Finkel – Eu lembro que o formato era extented e eu joguei de RW Scroll Rack/Land Tax/Empyral Armor. Meu taxi foi para o lugar errado no segundo dia. Acabei chegando atrasado e perdi a primeira rodada. Felizmente consegui ganhar todas as outras rodadas. Eu me lembro de quão interessado era o publico naquele evento. Havia centenas de espectadores, uma amostra do que viria a ser o Grand Prix. Também me lembro de que dois jogadores americanos medianos fizeram Top8 naquele evento. Isso mostrava quão melhor os americanos eram naquela época. Hoje em dia vocês tem o Paulo Vitor, mas o mundo era muito diferente naquele tempo.

Jaba – Você acha que existe a falta de um grande jogador como você ou Budde hoje em dia ou o jogo ficou mais dificil? Claro que temos grandes nomes, mas eles não têm o mesmo sucesso que vocês alcançaram. Outra coisa: Quem foi melhor, Finkel ou Budde?

Jon Finkel – Eu não vou entrar no assunto de quem foi melhor exceto pelo fato de que na minha cabeça, os resultados são o melhor meio de determinar isso e o Kai esta na minha frente nesse quesito. Sobre a falta de grandes nomes, existem vários aspectos para serem avaliados. Nós temos um Pro Tour a menos, mas para equilibrar temos mais Grand Prixs. O jogo provavelmente esta mais difícil, porem a maioria das coisas que o fizeram ficar desse jeito teriam ajudado os top players antigos. Eu joguei com alguns baralhos ruins no passado e não tinha total conhecimento das regras como teria atualmente. Outra coisa é a infraestrutura dos times atualmente. Se eu tivesse acesso à infraestrutura do Team Mythic, por exemplo, teria tido resultados muito melhores no construído. Para fechar, ainda temos jogadores antigos fazendo grandes resultados hoje em dia. Eu estou falando especificamente do Chapin e do Kibler. Para traçar um paralelo, imagine se o Pelé tivesse tido acesso a tecnologia que os esportistas de hoje tem? É difícil fazer comparações. Apesar de não ser bom como eu era, acredito que o nível não mudou muito. Eu ainda vejo muita gente jogando mal.

Jaba – Como foi o processo de criar o Shadowmage Infiltrator? Se a Wizards deixasse você mudar alguma coisa para lança-la de novo, quais seriam as mudanças?

Jon Finkel – Eu fiquei feliz com a carta, mas triste pelo fato do Shadowmage ser lançado na mesma coleção que o Psychatog. Em um universo sem o Psychatog, ela teria jogado muito mais. Se eu pudesse muda-la? Ela pode ser igual o Dark Confidant? As criaturas são muito mais fortes atualmente e não seria dificil ve-la custando UB ou 1UB por um 2/4.

Jaba – O que você acha do formato Modern?

Jon Finkel - Eu acho que o Modern sempre será ruim. Existem muitas cartas que restringem suas possibilidades de jogo. Um exemplo é o Wild Nacatl. Se você está jogando de Aggro, você vai usar quatro dessas porque ela é muito melhor que qualquer outra criatura custo um. Somente isso já impacta todos os baralhos agressivos porque assim que você coloca quatro copias dessa carta, praticamente dois terços do baralho já esta decidido. A mistura de Fetch Lands e Dual Lands também acabam atrapalhando todo o formato. Você pode jogar com praticamente qualquer coisa. Eu realmente acho que o formato precisa de Wasteland e Force of Will, mas eu não vejo a Wizards imprimindo elas de novo. O Modern traz todas as cartas problemas de volta e isso deixa as novas coleções sem muito impacto para mudar o ambiente. Teoricamente o formato pode ser consertado, mas eu não acredito nisso.

Jaba – O que você achou sobre o Planeswalker Points? Eu vi que você não gostou muito.

Jon Finkel – É uma ideia muito ruim. A Wizards vai vender a legitimidade do Pro Tour para fazer mais dinheiro. Basicamente esse novo ranking recompensa a pessoa que abre mais boosters, não aquela que é a melhor. Como um membro do Hall of Fame, isso é muito bom para mim – Pro Tours menores e mais fracos. Um Top player pode ter azar em um Pro Tour e de repente não tem mais vaga para o próximo. Ele ira avaliar a sua situação e pode chegar a conclusão de que sua inteligência pode ser melhor usada em outro ramo ao invés de ficar jogando vários torneios para voltar ao tour. E eu não vou comentar sobre suas chances se você não é rico ou não mora nos EUA. Nove GPs americanos nos três primeiros meses de 2012 – mais do que o resto do mundo junto.

Jaba – Existe alguma chance de ver você jogando todos os Pro Tours e Gps de novo?

Jon Finkel – Imagino que não. Os GPs definitivamente não. Eu continuarei indo aos Pro Tours, se eles forem do meu agrado. Eu vou ao mundial com certeza porque minha irmã vive em São Francisco. Eu acho que irei ao Havai também.

Jaba – Qual foi a importância do Magic na sua vida?

Jon Finkel – Magic foi uma das coisas mais importantes que já me aconteceu. Ajudou-me a mudar o modo como eu pensava e me fez ganhar confiança durante minha juventude. Eu conheci meus melhores amigos no jogo. Foi realmente o começo de tudo. Algumas vezes eu penso na sorte que tive em conhecer o Magic.

Jaba – Qual a importância de ser um membro do Hall of Fame? Valeu a pena todos os anos de dedicação? Quão bonito e pesado é o anel?

Jon Finkel - É maravilhoso fazer parte do Hall of Fame. Quantas pessoas tem a chance de fazer parte de algum Hall of Fame? E aos 27 anos! Eu estou muito feliz de ver o Steve nesse grupo também. Eu espero que o Pikula e o William Jensen possam se juntar a nós no futuro. Jensen passou perto esse ano e se não fosse pelo pôquer, ele estaria dentro com certeza. Fora o Kai, William Jensen foi a pessoa mais impressionante com quem eu tive contato nos meus últimos anos de Pro Tour.

Jaba – Eu li o seu livro e gostaria de saber o que você pensa sobre ele? Como você ajudou o escritor? Apostas e jogos de azar não são permitidos no Brasil, então não temos muito contato com cassinos. Você contou cartas em Vegas e em outros lugares e eu gostaria de saber como foi? Qual a dificuldade dessa atividade? É perigoso?

Jon Finkel – David Kushner fez varias entrevistas comigo durante o processo de elaboração do livro. É um sentimento estranho ver algo escrito sobre sua vida, mas hoje em dia eu estou acostumado e agora acho maravilhoso. Eu ainda não consigo acreditar nisso. Contar cartas, diferente do que você possa pensar, não é dificil. Qualquer pessoa que já fez segundo dia no Pro Tour pode realizar essa tarefa. Perigoso? Realmente não. Você esta brincando de gato e rato, mas os cassinos são grandes corporações que não querem uma publicidade negativa. Muitas vezes, os seguranças somente pediam para nos retirarmos. Algumas vezes eles estavam mais nervosos do que eu. Depois de tanto tempo passando por isso, eu comecei a tirar sarro deles, pedindo para eles repetirem de novo o que eu tinha que fazer ou entendendo errado o que eles diziam.

Jaba – Qual sua ocupação atualmente?

Jon Finkel – Eu sou sócio e gerencio um Hedge Fund chamado Landscape Capital.

Jaba – No ultimo mês, você esteve em uma polêmica com Alyssa Bereznak (Se você quer saber mais sobre essa historia clique nesse LINK). O que você pode nos contar sobre isso? Como você lidou com todo esse problema? Eu sei que nossa comunidade enfrenta problemas de preconceito todo dia e eu gostaria de saber se esse episódio irá ajudar a mudar tudo isso?

Jon Finkel – Para ser honesto, eu acho que isso não tem muito a ver com preconceito. Eu acho que ela queria mostrar que era “cool”. Muitas pessoas enfrentam preconceitos de verdade e eu nem posso imaginar o que elas passam diariamente por conta disso. Eu acho que todo esse incidente foi muito melhor para mim do que para ela. Ela expos um lado muito ruim do seu caráter e a internet é um lugar brutal e impiedoso.

15 comentários:

Dan disse...

Entrevista maravilhosa. O cara é um mestre realmente.

Parabéns, Jaba. :)

Fábio Tavares disse...

Muito boa a entrevista, não conhecia a historia do Jon Finkel e achei muito massa.

Parabéns Jaba!!!

Dan disse...

Ei, Jaba... Você poderia me dizer como achar as decklists do pauper jogado no MTGO? Procurei pelo site da wizards e também pelo google, mas, não encontrei uma forma.

Abraços.

Gui disse...

Eu achei boa a entrevista, mas achei as respostas meio "secas"... não foi muito in-depth, deixou a gente querendo saber mais xD

Diego Crusius disse...

muitas perguntas que queria ter feito ao Finkel o Jaba fez... vlw

Carlos "Jaba" Romão disse...

@Dan - Nesse link você vai encontrar todos os ultimos torneios realizados no magic online: http://www.wizards.com/Magic/Digital/MagicOnline.aspx?x=mtg/digital/magiconline/whatshappening

@ Gui - Infelizmente não consegui fazer a entrevista via msn, teve que ser por email.

Fábio Ancelmo disse...

Legal a entrevista Jaba. Como o Gui falou, ficamos na curiosidade de saber mais. Podia fazer uma com o Kai Budde, será se rola?

Chico disse...

o que é contar cartas em um casino?

Carlos "Jaba" Romão disse...

@Chico - No jogo 21, existe um metodo onde você pode contar cartas para obter um favorecimento no jogo. Eu não conheço o sistema, mas é algo feito em grupo se eu não me engano.

Dan disse...

@Carlos "Jaba" Romão

Obrigado pela dica. Estou vendo alguns deles aqui. Mas, vou aproveitar e pedir a opinião de quem entende mais do que eu. Qual deck Tier 1 do pauper você indicaria?

Depois de olhar, fiquei inclinado a comprar o Teps Pauper UBR ou o Storm (esse parece ser muito bom). Talvez o Cloudpost.

Mas, é um pouco difícil de decidir sem ter jogado com eles antes.

Espero não estar enchendo o saco. Mas, não conheço muitas pessoas que conhecem Magic. :P

Shirley Christiane disse...

Muito legal a entrevista Jaba ,e muito legal seu blog , parabéns meu velho,,,,

Carlos Alexandre disse...

Pow maneiro o blog Jaba, essa entrevista ae foi show de bola... como ja foi dito, o que você acha de fazer entrevista com o Kai ? Acho que muitas pessoas também iriam se amarrar... Abração ae

Carlos "Jaba" Romão disse...

Acho que seria mais interessante entrevistar alguém que está no circuito mesmo. Eu pensei em LSV e Brian Kibler.

@ Dan - eu montaria o Teps com certeza. Só não jogo com ele porque tenho preguiça(mão de vaca) de comprar as lotus petal

Unknown disse...

Muito boa a entrevista mesmo! O cara é um mito. Concordo com a sugestão de entrevista com o Budde. E, se possível, com uns pros do circuito também.

Abraço, CRoCo!

Unknown disse...

Excelente entrevista! Seria legal, se fosse possível, rolar uma versão do Finkel fazendo as perguntas pra você, hehehehe xD